Homens de Perto - Versão Colônia

Bueno. Domingo tranquilo em Veranópolis, todos em casa, churrasco, faustão, gre-nal, corrida de F1. Um clássico domingo na colônia.

Durante a semana, fui agraciado com a grande notícia sobre uma peça de teatro na SOAL, mais especificamente a peça Homens de Perto. Como bom gaúcho mais ou menos informado, conhecia os comerciais e já havia lido uma que outra resenha sobre o espetáculo. Todas positivas, aliás. Fui lá ver então, o que iria acontecer.

Como tudo o que acontece em Veranópolis tende a ser diferenciado, a hora marcada (20:00) não foi respeitada, em prol de uma babação de ovo ridícula em torno de secretaria da cultura, vice-prefeito e a putaquepariuseiláquem. Convenhamos, pessoas! Essa lorota todo mundo tá cansado de saber! Eu estou POUCO ME FODENDO para o que o vice-prefeito deseja falar. No dia em que ele aprender a falar algo que preste, talvez. Aí o apresentador convoca uma dança, que acaba em samba. AH, MAS VAI PRO INFERNO! A peça atrasada e o cara me sai com uma dessas... paciência, paciência, somos homo sapiens sapiens. OK, nem todos.

Finalizado esse besteirol, começa a peça. Eu poderia resumir toda a resenha em poucas palavras: QUE FODA! Definitivamente, há uma cratera lunar entre você ser um ator/atriz de teatro wannabe (Alô, "Tem gente no palco"!) e você ser um monstro que detona tudo. A peça se extendeu durante mais ou menos 1h e 30min adiante, que eu não percebi passar. Oscar Simch, Rogério Beretta e Zé Victor Castiel desmontaram o público, em interpretações fodásticas, hora de personagens, hora de si mesmos. Absolutamente ninguém saiu da SOAL sem sentir um pouco da energia que os atores passaram. CARA, QUE FODA! Outro destaque da peça foi a atriz convidada Sophia Schul, que interpreta uma contra-regra in-stage, pra lá de bizarra. Que idéia!

Para falar sobre a peça sem lançar spoilers, são três personagens que versam sobre suas vidas, sobre seu finado colega Honório e tudo mais. Toda a extensão do espetáculo é usada para divagar sobre as várias situações em que se metem, utilizando incontáveis referências a assuntos atuais, cultura POP e principalmente, cultura gaúcha. Destaque para a habilidade sobrenatural dos atores com os improvisos, claramente visíveis e não por isso menos deliciosos que as piadas de roteiro. A equipe responsável pelo som e pelos efeitos de luz também merece honrarias.

Mas a cena mais sem noção da noite ainda estava por vir. Terminado o show, os atores despediram-se do palco e saíram. Ligam-se a luzes, e o público vai embora. Certo?

Certo! Nada mais certo que isso. Já eram 22:30, mais ou menos, a colonada queria ir embora! Afinal, já havia terminado...

Neste momento sobe o apresentador no palco, enquanto metade do público se dirigia para a saída, ele convoca a todos que permaneçam no recinto! hahhaha! Todos, sem entender muito, se aglomeram no fundão da SOAL e ficam aguardando o que iria acontecer. Então o apresentador revela que eles pretendem entregar troféus (!) aos atores e diretores (!) em honra a qualquer coisa que ele disse, que também não lembro no momento. O diretor, sem entender muita coisa, revela que os atores estão, no momento, sem condições de receber os tais troféus (é, não avisaram!) e que ele vai receber por todos. Então ficaram lá, Nestor Monastério, sem saber o que fazer, recebendo os troféus de todos (que deveriam estar tomando banho, enchendo a cara, whatever...). Lamentável!

Enfim, eventos como este ocorrem a cada volta e meia em nossa querida colônia, precisamos aproveitar sempre, ou arcar com custos de deslocamento para um centro maior, como Caxias ou Porto Alegre. Mesmo que muito mais da metade das pessoas que estavam lá não tenham engrandecido em nada sua ínfima cultura, a iniciativa foi muito válida. Palmas para quem teve a idéia de levar um teatro de verdade para Veranópolis. Vaias aos organizadores, que aprontaram tais traquinagens.

Um pequeno passo... um grande salto... !

Era uma vez na colônia... uma menininha que adorava ler livros e assistir filmes. Mas esta doce menininha não tinha muitas opções para fazer o que mais gostava, já que vivia em uma pacata cidade de interior, sem muitas novidades ou atrativos.

A menina cresceu e continuou sonhando e acreditando que um dia, se ela não o fizesse alguém iria iniciar uma cadeia evolutiva no sentido cultural de sua cidadezinha tão amada.

Eis que, caros amigos colonos, a ex-menininha que vos fala, finalmente tem seu momento de glória literária, e vem a vós para iniciar sua participação neste recanto de idéias falando sobre um fato histórico: Veranópolis tem sua primeira real livraria! A Confraria das Letras!

Isso mesmo, pode parar de esfregar os olhos, tu não leste errado.

Obviamente minha identidade secreta não resistiu e esteve por lá, observando todos os menores detalhes ^~. Entre a decoração aconchegante, o acervo variado, o café glorioso e o atendimento de primeira não sei o que escolher para começar.

            O lugar parece uma sala de estar gigante, confortável e extremamente convidativo a pegar um livro da estante arrumada elegantemente sem compromisso, sentar-se no sofá do canto de leitura e ficar ali viajando entre as páginas um dia inteiro. Entre os detalhes, destaque ao gramofone que mesmo sem funcionar, cria um ar tranqüilo e musical.

            Como se não bastasse, ainda podemos contar com variedades de bebidas requintadas, porém simples e financeiramente acessíveis. Junte à cena de cima uma bela xícara de capuccino. Perfeito não?

Mas o que mais impressionou (e o que geralmente deixa a desejar em muitos estabelecimentos comerciais) foi o atendimento. Mas como definir um bom atendimento? Simples. Some a simpatia, o conhecimento do acervo, o gosto pela leitura e orgulho pelos resultados, e coloque o total dentro de um atendente. Feito o Carreto!

 

P.S.: Ainda não acredito que saí de um lugar sem ter formado uma crítica negativa. o.O’.

Habemus colônia

Iniciando os trabalhos por aqui...

A idéia do blog surgiu como quem não quer nada, em uma viagem de rotina. Entre uma árvore e outra de nossa conhecida serra, ocorreu que um meio de comunicação SEM RÉDEAS não existia em Veranópolis. Até hoje.

Neste blog escreveremos sobre nosso querido e pacato vilarejo, que já conta com 22.000~ pessoas. E mesmo assim não passa de uma grande colônia, um grande povoado ao redor de uma capela, exatamente como é Bento Gonçalves, Caxias do Sul e arredores, cidades enormes que não passam de colônias hi-tec. Assim, escrevemos diretamente from colônia.

Somos pessoas simples, sem grandes méritos materiais, mas com uma bagagem cheia de conteúdo cultural para oferecer. NÃO guardamos pena do que é ruim, nem elogios para o que é realmente bom.

Eu sou Hattori Hanzo, nome herdado de uma figura histórica do japão, filho de Hattori Yasunaga, conhecido por ter sido um ninja do clã Tokugawa, feroz lutador em batalhas. Honra pela menção do personagem no filme Kill Bill.

Leiam, opinem, critiquem, tomem mais uma cuia. A diversão está apenas começando!